Há dias assisti a uma palestra de um excelente Coach e Comunicador, José Manuel Velasco, Presidente da Global Alliance for Public Relations and Communication Management, sobre a Comunicação e o Coaching, em que analisava o impacto da transformação digital, que é indubitavelmente uma transformação cultural, e o modo como, infelizmente, a pós-verdade surge diariamente veiculada por jornalistas e comunicadores profissionais. A pós-verdade é algo que rejeita liminarmente, mas o que o choca é a maneira como a palavra foi aceite e incluída no dicionário, pois a verbalização funciona como uma profecia auto-cumprida e a sua integração como neologismo surge como desadequada, no mínimo.
Andei vários dias a ruminar sobre palavras e conceitos que ressonavam na minha cabeça como fantasmas e ontem fui confrontada com mais dois artigos que me deixaram a pensar no que será o desenvolvimento do coaching nas próximas duas décadas face a esta transformação digital e cultural, em que robots geram tweets, por exemplo; em que falamos com bots nas diversas plataformas que utilizamos internamente nas organizações e quando contactamos com serviços de apoio ao cliente; em que existem male and female dolls, que interagem com os humanos como parceiros sexuais e que comunicam verbalmente com eles, simulando emoções, e em que se preconiza o desenvolvimento das viagens no espaço em naves única e exclusivamente tripuladas por robots, dado que o ser humano não tem vida útil suficiente, nem condições físicas para o fazer. Decididamente já não vivemos só no designado ambiente VUCA (VICA em português: volátil, incerto, complexo e ambíguo), mas sim em ambiente EPIA: explosivo, polarizado, irracional e adverso.
Mas o que é que a pós-verdade tem a ver com tudo isto?
Googlando a palavra, encontro-a definida na Wikipedia:
Pós-verdade é um neologismo que descreve a situação na qual, na hora de criar e modelar a opinião pública, os fatos objetivos têm menos influência que os apelos às emoções e às crenças pessoais.
(…)
A questão da pós-verdade relaciona-se com a dimensão hermenêutica na fala de Nietzsche, admitindo-se que “não há fatos, apenas versões”. A busca pela suposta verdade passa a segundo plano, ganhando expressão o perspectivismo de Foucault e as teorias da dissonância cognitiva e percepção.
(…)
Em 2016, a Oxford Dictionaries, departamento da Universidade de Oxford responsável pela elaboração de dicionários, elegeu o vocábulo “pós-verdade” como a palavra do ano na língua inglesa.
Há muito que se fala em fake news, e em particular na imprensa cor de rosa, que potenciam as vendas de revistas e mesmo de jornais, sendo o seu aumento diretamente proporcional ao impacto da notícia e da notoriedade e visibilidade do visado. Todavia, pós-verdade não é sinónimo de fake news. Pós-verdade define a notícia ampliada, filtrada pela irracionalidade, polarizada pelos mais diversos interesses, desde políticos a comerciais, explosiva pelo poder propagador dos meios digitais e altamente adversa pelo impacto que pode causar nos destinatários mais incautos e mais receptivos ao apelo emocional e irracional.
Pós-verdade é uma arma que está a ser usada de uma maneira muito perigosa pelos media e pelas instituições! E isto é socialmente perigoso.
E nas organizações? De que é que estamos a falar? Do boato que se põe a rolar a partir de uma notícia inócua e factual para preparar o terreno para uma fusão ou aquisição, para conotar negativamente um concorrente, para um downsizing ou mesmo para um despedimento colectivo?
Face a este panorama que todos conhecemos, com que alguns poucos se debatem publicamente, em que as organizações afectam os seus stakeholders e são afectadas por eles, e os destinatários da mensagem confrontados de uma maneira despudorada e manipulados pelos veiculadores de pós-verdades diariamente, qual o papel do Coach?
Os coaches são comunicadores e o seu trabalho com os coachees não se compadece com a pós-verdade. Todavia, os seus coachees são frequentemente confrontados com ela, sujeitos a tensões dentro e fora das suas organizações, e a toda uma crescente pressão para reagir a todas as pós-verdades que surgem diariamente ligadas a pequenas/grandes crises que permeiam a atualidade.
E se o bom senso não chega, até porque bom senso e bom gosto cada indivíduo tem o que tem, pelo menos que a isenção e um Código de Ética nos posicione como profissionais e como comunicadores. O Coach rege-se por um código de ética e, no meu caso, pelo Código de Ética da ICF – International Coach Federation e da ActionCOACH, e só a actualização constante dos Coaches e o seu desenvolvimento pessoal lhes irá permitir trabalhar e dar resposta a coachees cada vez mais exigentes e mais vulneráveis ao ambiente em que vivemos.
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